O mercado de fusões e aquisições (M&A) no Brasil segue em movimento, mesmo em um cenário desafiador. Embora o ritmo não seja tão intenso quanto nos últimos anos, o número de operações no país registrou um aumento de 5% nos primeiros nove meses de 2024 em relação ao mesmo período de 2023, segundo levantamento da KPMG.
Dr. Giovani Beirigo, sócio de Direito Societário e M&A do Baum, Beirigo & Milani Advogados, analisa o cenário. “Apesar das dificuldades macroeconômicas, as empresas endividadas estão se voltando para as fusões e aquisições como uma forma estratégica de crescer e buscar sinergias operacionais. Isso mantém o mercado ativo, com destaque para setores de tecnologia, saúde, internet e serviços financeiros”, explica.
O levantamento da KPMG aponta que as operações domésticas foram predominantes, com 766 fusões entre empresas brasileiras. “No cenário atual, investidores estrangeiros ainda mantêm um interesse expressivo no Brasil, mas estamos vendo uma maior movimentação entre empresas brasileiras, seja pela necessidade de otimizar recursos, seja pela maturação de fundos locais que agora demandam reestruturação”, afirma Dr. Beirigo.
Para 2025, as perspectivas são positivas, com especialistas projetando um cenário de estabilidade maior, especialmente após as eleições nos EUA e avanços na reforma tributária brasileira. “Com um ambiente econômico mais previsível, é provável que vejamos um aumento nas operações. A expectativa é que setores como tecnologia e energia renovável continuem em destaque, especialmente com o avanço da digitalização e da agenda de transição energética”, comenta o Dr. Beirigo.
A tendência de retomada no mercado de M&A aponta para um potencial aumento nos IPOs e no ingresso de capital estrangeiro. “É um momento de otimismo moderado. Vemos grandes oportunidades para empresas que estejam bem estruturadas para atrair investidores e conquistar novos mercados, mesmo em um cenário de alta de juros. Esse ambiente de resiliência traz possibilidades valiosas para o próximo ano”, conclui.